Como esperado, fumaça preta na manhã renova esperança vespertina
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Nada de novo sob os céus vaticanos. Ontem, manteve-se a tradição: nenhum papa foi eleito no primeiro escrutínio.
Hoje cedo, a fumaça preta já saiu da chaminé da Capela Sistina. A agenda do conclave prevê quatro escrutínios para o dia: dois pela manhã e dois à tarde.
Na "bolsa dos papáveis", os otimistas apostam que o 267º papa poderá ser anunciado ainda hoje.
Os vaticanistas —jornalistas especializados no Vaticano— observam que, do fim da tarde de ontem até a manhã desta quarta-feira, não houve tempo suficiente, devido ao repouso noturno, para que os cinco grupos de bergoglianos chegassem a um nome de consenso. Com a pausa para o almoço e espaço para conversas, a definição poderá acontecer no período vespertino.
Votos e barreiras
As constituições que regem o conclave atual foram elaboradas pelos papas João Paulo 2º (Wojtyla) e Bento 16 (Ratzinger). Desde 1179, vigora a cláusula que exige dois terços dos votos para a eleição de um novo papa.
Wojtyla, por meio da constituição apostólica Universi Dominici Gregis, de 1996, flexibilizou essa exigência. Caso, após 13 dias de votações, não houvesse consenso, a maioria absoluta dos cardeais (50% mais um voto) poderia decidir como prosseguir: manter a regra dos dois terços ou escolher entre os dois candidatos mais votados.
Ratzinger venceu em 2005 após quatro votações. Curiosamente, após ser eleito, restaurou a exigência dos dois terços. No entanto, manteve uma exceção: se após 13 dias nenhum nome atingir a meta, a votação prossegue entre os dois mais votados, ainda exigindo o quórum qualificado (89 votos).
'Borsino dei papabili'
Na "bolsa dos papáveis" que os italianos adoram alimentar, um possível nome de consenso entre os grupos bergoglianos seria o do cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado e homem de confiança de Francisco no governo da Santa Sé.
Seus críticos, no entanto, lembram que Francisco foi um papa centralizador, que pouco delegou poder decisório a Parolin.
Esse estilo teria sido moldado pela experiência anterior com os "superpoderes" que Bento 16 conferiu ao cardeal Tarcisio Bertone, seu então secretário de Estado.
O polêmico Bertone — que vivia num apartamento luxuoso em uma das áreas mais caras de Roma — exercia forte influência nos bastidores da Santa Sé. Para muitos, seu protagonismo e os escândalos associados a ele contribuíram para a renúncia de Bento 16, que preferia se concentrar nas questões doutrinárias.
Em suma, sem bola de cristal, segue difícil apostar com segurança em um nome vencedor.
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