Raquel Landim

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Reportagem

Motta promulgou manobra para salvar Bolsonaro ao ficar 'sem alternativa'

Aliados dizem que o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), aceitou promulgar o projeto que abre brecha para suspender a ação penal contra Jair Bolsonaro por ficou "sem alternativa".

"Não tinha outra alternativa. Foi o que a casa majoritariamente aprovou", diz uma pessoa muito próxima a Motta.

No plenário da Casa, o projeto teve o apoio de 315 deputados e apenas 143 foram contra.

O texto suspende a ação penal contra o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) baseado no argumento de que a lei proíbe investigação contra parlamentares após sua diplomação.

Da forma como foi aprovado, o projeto abre brecha para atingir todo o processo relativo à trama golpista, beneficiando inclusive Bolsonaro.

Motta vinha dando sinais de alinhamento com o Executivo e com o Supremo ao se recusar a colocar para votar o projeto de lei da anistia aos condenados do 8 de Janeiro.

Só que dessa vez a pressão foi muito forte. Os deputados ficaram preocupados não apenas com o processo da trama golpista, mas com futuras ações contra parlamentares eleitos, inclusive em casos de corrupção.

Em ofício enviado a Motta, o presidente da primeira Turma do STF, Cristiano Zanin, já afirmou que a Câmara só tem competência para sustar crimes de deputados imputados após a diplomação.

Isso significa que Ramagem só poderia ficar livre dos crimes de dano qualificado ao patrimônio e de deterioração ao patrimônio tombado, mas ainda pesaria contra ele associação criminosa armada, golpe de Estado e abolição do Estado democrático de Direito, que teriam sido cometidos antes de tomar posse.

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Em conversas reservadas, ministros do STF também afirmam que consideram o projeto aprovado pela Câmara "inconstitucional", o que significa que dificilmente a iniciativa vai prosperar e travar a ação penal.

Lideranças de oposição ouvidas pela coluna afirmam que, ainda assim, o objetivo é "desgastar o Supremo", "apontar seus erros", e "deixar claro para a sociedade que o STF desrespeita a Constituição e o Congresso".

Reportagem

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