Raquel Landim

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Opinião

Absolvido no esquema PC Farias, Collor é personagem lateral do petrolão

Cerca de 32 anos após o chamado "esquema PC Farias", Fernando Collor de Mello acabou na cadeia.

Os crimes são os mesmos daquele tempo: corrupção e lavagem de dinheiro.

Personagem lateral do "petrolão", Collor foi condenado a oito anos e dez meses de prisão também por um esquema na BR Distribuidora.

Ironia do destino, reviravolta da história ou, melhor, fruto de uma Justiça ineficaz, lenta e casuística, Collor escapou quando era o "cabeça" do escândalo da vez.

Quando era o protagonista do escândalo que levou jovens às ruas, provocou um impeachment e envolveu até um assassinato, Collor foi absolvido por uma tecnicalidade.

Uma evidência considerada crucial foi desconsiderada pela Justiça após ter sido classificada como obtida ilegalmente, durante uma ação de busca e apreensão sem mandato: uma gravação de conversa telefônica e disquetes de computadores de PC Farias.

Para quem não lembra: Paulo Cesar Farias, tesoureiro de campanha de Collor, o pivô do esquema, que acabou sendo encontrado morto.

2.dez.1993 - Paulo César Farias, o PC Farias, foi tesoureiro da campanha de Collor
2.dez.1993 - Paulo César Farias, o PC Farias, foi tesoureiro da campanha de Collor Imagem: Ormuzd Alves - 2.dez.1993/Folhapress

"Impichado" e com os direitos políticos cassados por oito anos, mas livre da cadeia, Collor retorna como senador em 2007.

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Conservou influência suficiente para seu grupo fazer indicações políticas dentro da BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras, posteriormente privatizada.

Foi denunciado pela PGR (Procuradoria-Geral da República) em 2015 sob acusação de receber R$ 20 milhões em propinas entre 2010 e 2014 para viabilizar um contrato de troca de bandeira de postos de combustíveis.

O esquema de corrupção do "petrolão", no entanto, é muito maior.

Envolvia não só a BR Distribuidora como a Transpetro e a própria Petrobras. Bilhões e bilhões em obras superfaturadas para a construção de refinarias e de navios para a estatal.

Boa parte dessa investigação também está sendo anulada, e muitos réus confessos escaparam, agora pelas mãos do ministro Dias Toffoli, por outra questão técnica: desconsiderar as provas da delação da Odebrecht.

E, assim, repete-se a história. Os criminosos laterais até podem ser condenados, mas os protagonistas acabam absolvidos.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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