Leonardo Sakamoto

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Opinião

Pedidos de Pix para Bolsonaro e Zambelli revelam 'nova economia patriótica'

O ex-ministro Gilson Machado (PL) veio a público, neste final de semana, lembrar ao seguidor fiel de Jair Bolsonaro (PL) que a causa precisa dele, e, principalmente, do seu Pix. Afinal, sustentar juridicamente um ex-presidente acusado de tentativa de golpe de Estado e bancar a vida do filho dele, nos Estados Unidos, enquanto pressiona Trump a favor do pai e contra o país, não é algo barato.

Dos mais de R$ 17 milhões arrecadados na última campanha, R$ 8 milhões já se foram. E olha que Bolsonaro ainda recebe mais de R$ 100 mil por mês de aposentadorias e salário do seu partido.

Na esteira desse pedido, veio outro, mostrando que a temporada do Pix está aberta. Nesta segunda (19), a deputada federal Carla Zambelli (PL) também entrou no modo "crowdfunding da justiça", pedindo doações para bancar as multas em processos no qual é ré.

Por exemplo, ela foi condenada, na última quarta (14), a dez anos de prisão e pagamento de R$ 2 milhões em danos morais coletivos por invadir o Conselho Nacional de Justiça em 2023. Tentava provar que o sistema eletrônico do Poder Judiciário é frágil, mas seu hacker não conseguiu invadir a Justiça Eleitoral.

Ou seja, depois de tentarem derrubar instituições, bolsonaristas esperam que o povo pague a conta. Esqueça o "quem não deve, não teme". Os dois casos mostram que tanto quem teme quanto quem deve, ao fim, pedem Pix.

Podemos resumir assim um esboço da nova economia patriótica:

Passo 1: Cometa um crime em nome da "salvação nacional".
Passo 2: Seja processado e/ou condenado.
Passo 3: Lance um Pix e espere que os fiéis seguidores resolvam.
Passo 4: Invista com segurança o que arrecadar.

Sim, porque o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão de combate à lavagem de dinheiro, identificou que R$ 17 milhões foram aportados por Bolsonaro em CDBs e RDBs, ou seja, renda fixa, no primeiro semestre de 2023 — quando houve a campanha de doações via Pix. Quanto maior a taxa básica de juros, mais ele ganha.

Se o Brasil já foi o país do jeitinho, agora é o país do pixtinho. Quem não colaborar, obviamente, é comunista. Ou pior, petista.

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Não tenho dúvidas de que as campanhas vão arrecadar muito cascalho, com Bolsonaro à frente, claro. Todos são livres para cometerem seus erros, pois ainda somos uma democracia. Não graças a eles, claro.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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