Acareação de Cid e Braga Netto a portas fechadas é erro do STF
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A imprensa acompanhou os depoimentos das testemunhas da tentativa de golpe em tempo real. Os interrogatórios de Bolsonaro e seus cúmplices foram ainda mais transparentes, com transmissão ao vivo da TV Justiça. Inexplicavelmente, Alexandre de Moraes decidiu fechar as portas da Primeira Turma do Supremo durante o tête-à-tête de Mauro Cid com o general Braga Netto, marcado para esta terça-feira.
A acareação destina-se a elucidar duas divergências cruciais entre as versões do ajudante de ordens e do vice de Bolsonaro. Delator seletivo, Cid fez duas revelações tardias sobre Braga Netto. Numa, contou que o plano Punhal Verde e Amarelo foi esmiuçado numa reunião na casa de Braga Netto, em novembro de 2022.
Noutra, Cid ajustou a delação original para revelar que o general lhe entregou, no Palácio da Alvorada, uma caixa de vinho com dinheiro para financiar os kids pretos que se encarregariam de monitorar e executar Moraes, Lula e Alckmin. Alegou não se lembrar de quanto havia na embalagem nem do dia em que recebeu os recursos.
Sabe-se que algum dinheiro circulou nas mãos dos kids pretos, pois a Polícia Federal documentou a aquisição de celulares usados por oficiais do Exército que monitoraram os movimentos de Moraes sob a camuflagem de codinomes frios. Em mensagem trocada com Cid, o tenente-coronel Rafael de Oliveira falou sobre dinheiro. Coisa de R$ 100 mil.
Braga Netto alega que Cid mente. Por isso pediu a acareação. Preso preventivamente há seis meses, o general foi autorizado a viajar a Brasília. Fez questão de confrontar o delator cara a cara. Moraes proibiu a presença da imprensa também em outra acareação marcada para esta terça, do ex-ministro da Justiça Anderson Torres com o ex-comandante do Exército Freire Gomes. Pior do que um erro, só dois equívocos. As acareações pedem luzes acesas, não portas fechadas.
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