Trump se autoconverteu numa espécie de bedel de cessar-fogo
Ler resumo da notícia
Trump se autoconverteu de chefe de superpotência numa espécie de bedel da trégua que obteve à força. Ele postou de madrugada: "O cessar-fogo está em vigor. Por favor, não o viole!". Ao nascer do sol, Israel e Irã já hostilizavam um ao outro. O gabinete de Netanyahu acusou o Irã de violar o cessar-fogo. Anunciou que Israel "responderá com força". Teerã negou ter disparado novos mísseis. Bateu o bumbo do contra-ataque.
Trump marchou para as redes. Tratou a guerra no Oriente Médio como uma briga de pátio de colégio. Primeiro, ralhou com Israel: "Não lancem essas bombas. Tragam seus pilotos para casa, agora!". Depois, fez beicinho: "Eu não estou feliz com o Irã, não estou feliz com Israel".
Em algum momento, o "FIM OFICIAL DA GUERRA" entre Israel e Irã, proclamado em caixa-alta por Trump na sua rede social, virá. A dúvida é se será uma pacificação com gente ou sem gente. Por enquanto, entre mortos e feridos, salvou-se o cinismo na guerra dos 12 dias. Que pode durar 13, 14 dias. Ou uma eternidade.
Setenta e duas horas depois de bombardear as instalações nucleares do Irã, Trump voou para a reunião da cúpula da aliança militar Otan fazendo pose de pacifista. É capaz de matar por um Prêmio Nobel da Paz.
Após atrair o imperador laranja para sua guerra, Netanyahu busca na parede da sala de troféus espaço para pendurar uma juba de aiatolá entre as cabeças de generais e cientistas iranianos. Khamenei, líder supremo de um regime desdentado, insinua que ainda dispõe de 400 quilos de urânio para confeccionar uma dentadura radiativa. O mundo está cada vez mais bárbaro.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.