À espera de 'milagre', Bolsonaro antevê a 'pena de morte' política

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Bolsonaro consolidou-se como um réu espanado. Em entrevista ao UOL, sua retórica rodopiou a esmo sem esboçar uma defesa crível para atarraxar na ação penal em que sua biografia se encontra enroscada no Supremo.
Convidado a explicar por que discutiu com comandantes militares um decreto sobre o Apocalipse —estado de sítio e de defesa— em vez de respeitar o resultado das urnas, Bolsonaro rodopiou a esmo ao redor do mesmo. Repetiu que "não é crime" debater "dispositivos constitucionais".
Não pronunciou uma mísera sílaba capaz de remover o rochedo acomodado pelo procurador Paulo Gonet na denúncia que virou ação penal: "Quando um Presidente da República, que é a autoridade suprema das Forças Armadas, reúne a cúpula dessas Forças para expor planejamento minuciosamente concebido para romper com a ordem constitucional, tem-se ato de insurreição em curso..."
Num prenúncio do que está por vir, o relator Alexandre de Moraes esboçou a futura sentença na sessão em que Bolsonaro foi convertido em réu por unanimidade: "Não é normal que o presidente que acabou de perder uma eleição se reúna com o comandante do Exército, o comandante da Marinha e ministro da Defesa para tratar de uma minuta de golpe".
No único trecho da entrevista em que se aproximou da realidade, Bolsonaro condicionou sua improvável absolvição a um "milagre". Como sentenças absolutórias não costumam brotar do sobrenatural, o réu como que anteviu o próprio futuro:
"Se eu for condenado, pronto, acabou, é 'game over'. Estou com 70 anos. Não aguento disputar uma eleição daqui a oito, dez anos. Para mim, condenação seria a pena de morte..." Nesse trecho da conversa, Bolsonaro fez sentido.
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