Milei viaja a Roma para funeral do papa, que já chamou de 'comunista'

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Javier Milei embarca para Roma hoje, às 22h (horário de Brasília), para acompanhar o funeral do papa Francisco. Ele não participou de nenhuma das celebrações e missas que aconteceram no país em memória do primeiro papa argentino da história, morto na última segunda-feira aos 88 anos. O presidente da Argentina ainda foi atacado nas redes por levar Patricia Bullrich na comitiva. A ministra da Segurança foi alvo de críticas do papa Francisco por comandar repressão policial em Buenos Aires.
Além de estar no funeral do papa, uma das motivações de Milei é encontrar lideranças políticas de direita, como o presidente dos EUA, Donald Trump, seu aliado político, que indicou que irá a Roma acompanhar a despedida do pontífice. O velório do papa, porém, também terá a presença de outros presidentes não alinhados politicamente com o líder argentino, entre eles, Lula, que também estará no funeral.
Ministra que liderou ação criticada por Francisco irá ao funeral

A comitiva presidencial, considerada reduzida, gerou controvérsia. Milei será acompanhado pela irmã e secretária geral da presidência, Karina Milei, pelo porta-voz, Manuel Adorni, pelo chefe de gabinete, Guillermo Francos, pelo chanceler Gerardo Werthein, e pela ministra de capital humano, Sandra Pettovello.
A presença da ministra de segurança, Patricia Bullrich, no grupo gerou críticas nas redes sociais.
"O papa criticou a repressão aos protestos dos aposentados. Agora, ela viajará ao seu funeral à custa do Estado", disse o jornalista Diego Schejtman no X, referindo-se à repressão policial aos protestos de rua, comandada por Bullrich.
A mais violenta foi contra os aposentados, no dia 12 de março. Os confrontos deixaram dezenas de feridos, entre eles, o fotógrafo Paulo Grillo, 35. Ele continua internado após ser atingido na cabeça por um cartucho de bomba disparada pela polícia.

Após chamar Francisco de comunista, Milei passou a moderar discurso
Durante a campanha presidencial, em 2023, o atual presidente chamou o papa de "comunista" e afirmou que o pontífice tinha ligação com "o maligno".
Desde que se tornou presidente, no entanto, modulou o discurso sobre e chegou a visitar o papa em Roma, no ano passado. Na ocasião, conversou poucos minutos com o papa e lhe deu um abraço efusivo.
Em seguida, aproveitou a viagem e se encontrou com a primeira-ministra da Itália, de direita, Giorgia Meloni.
Após a notícia da morte do maior líder da Igreja Católica, Milei decretou luto de sete dias no país e cancelou sua agenda para conseguir ir ao funeral.
O argentino disse nas redes sociais que ter conhecido o maior líder da igreja católica foi uma honra: "Apesar das diferenças que hoje são menores, ter podido conhecê-lo em sua bondade e sabedoria foi uma verdadeira honra para mim", escreveu no X.

Milei e a tensão com os curas villeros da Argentina
O presidente argentino não goza de boa relação com uma ala importante da igreja católica na Argentina: o movimento dos curas villeros (padres de favela).
Eles são padres que fizeram do sacerdócio uma ação de transformação política e social. Vivem e celebram missas em favelas e bairros populares, estão próximos da população, são amigos dos vizinhos e engajados em projetos sociais dentro das comunidades.
"Buscamos ser fiéis à realidade que Deus nos encomendou. A realidade é superior à ideia", diz o texto institucional do grupo. "O nosso compromisso pastoral é conquistar os três T: terra, teto e trabalho".
Francisco não foi um cura villero, mas é público seu envolvimento com os temas sociais e sua relação íntima com as comunidades mais vulneráveis.
Durante a campanha eleitoral, em 2023, o cura José "Pepe" di Paola, integrante do grupo dos Curas de Villas, disse a jornais argentinos na época que não havia possibilidade de uma reunião com Milei, depois dos ataques contra o papa. "Nenhum dos curas villeros se reuniram com ele", afirmou. O grupo conversou com os demais candidatos —incluindo a então candidata pelo PRO, Patricia Bullrich, a hoje criticada ministra de Milei.
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