Após 'revertério' na Câmara, Haddad critica avanço de atrito e elogia Lira

Ler resumo da notícia
Em jantar organizado por advogados do grupo Prerrogativas nesta sexta-feira (13), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que não consegue extrair dos líderes do Congresso o nível de adesão a projetos que visem reorganizar as contas públicas, em meio à pressão deles mesmos para fazer superávit fiscal.
"Não consigo estimar o índice de apoio e é isso que estamos pedindo para os presidentes das Casas, que a gente possa se reunir e medir o pulso. Um tema como devedor contumaz tem apoio ou não tem? Quem está segurando a votação? Aposentadoria de militares dá para mexer? Indexador de um fundo ou outro, o que tem aderência? A gente não está conseguindo medir isso", relatou a uma plateia em sua maioria formada por advogados e empresários.
Ele fez menção à reunião de domingo passado com os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e líderes de ambas as Casas, em que apresentou as propostas que formalizaria três dias depois para compensar o recuo no decreto do IOF. São medidas como cobrança de 5% de imposto sobre títulos LCI e LCA (letras de crédito imobiliário e do agronegócio), hoje isentos.
"Fizemos a reunião de domingo. Depois teve o revertério no meio da semana, mas a reunião de domingo foi espetacular", afirmou Haddad. Na quarta-feira, a federação UP, formada pelo União Brasil de Alcolumbre e pelo Partido Progressista, com mais de 100 deputados e 14 senadores, disse ser contra. Em seguida, Motta disse que a medida teria muita dificuldade para passar no Congresso. "Tem a grita, faz parte. Vai ter embate, vai ter apoio, mas vai ter a decisão também. Precisamos resolver."
Para Haddad, "existe entendimento hoje no Congresso de que o gasto tributário está demais". Segundo o ministro, são R$ 800 bilhões em benefícios, renúncias e isenções a determinados setores, mais R$ 50 bilhões de gasto tributário do sistema financeiro.
"Aprovaram uma emenda constitucional de número 109 que determinava que o gasto tributario tinha que cair a 2% do PIB. Estamos a 6%, 7% de gasto tributário", calculou.
Haddad foi recebido na casa do advogado Rodrigo de Castro, em Higienópolis, São Paulo, na sexta. O jantar foi organizado pelo anfitrião, seu sócio, Guilherme Setoguti, e Marco Aurélio de Carvalho, coordenador do Prerrogativas.
O ministro lamentou que haja uma tensão entre Executivo e Legislativo em medidas econômicas estruturais.
"Na gestão do presidente Arthur Lira (PP-AL), ele disse antes da minha posse, ainda na PEC da Transição, ele falou: 'Haddad, eu não vou misturar as nossas brigas com o governo com a questão econômica. Nós vamos resolver a questão econômica num outro ambiente", elogiou o ministro.
"Nós não podemos deixar uma coisa que está acontecendo. Uma coisa é um partido e outro divergirem. Cada um tem uma visão. Um é mais progressista, um é mais conservador. Faz parte. Nós não podemos deixar isso virar conflito entre Poderes, isso é muito ruim, porque resulta em crise institucional. Tem que ficar no plano dos partidos", defendeu.
"Quando se coloca que quem vai resolver o problema é o Executivo ou o Legislativo não tem solução."
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.