Cuba sofre com apagões constantes às vésperas do início do verão: 'É terrível'

Os apagões diários, com duração média de quatro horas ou mais, tornaram-se o novo normal em Havana, capital de Cuba, em um sinal inquietante de uma crise de energia ainda não resolvida enquanto se aproxima o início do abafado verão do Caribe.
A situação em Havana ocorre após uma série de apagões em todo o país ao longo de vários meses, sendo o mais recente em março, que mergulhou a frágil rede elétrica do país em um desarranjo quase total, pressionada pela escassez de combustível, por desastres naturais e pela crise econômica.
Havana, o principal centro comercial da ilha e um dos principais destinos turísticos, há muito tempo vem sofrendo com apagões ocasionais, mas até este ano estava amplamente protegida do pior das interrupções pela operadora da rede elétrica.
"As pessoas estão estressadas", disse Aramis Bueno, de 47 anos, morador do bairro de Dragones, no centro densamente povoado de Havana, enquanto estava sentado na porta de sua casa durante um apagão noturno nesta semana.
"Não é fácil viver assim. Veja que horas são. Não conseguimos tomar banho, comer... por causa dos apagões."
O agravamento das quedas de energia em Havana ocorre em um momento em que os Estados Unidos endureceram severamente as sanções contra Cuba, colocando a nação insular novamente em uma lista de patrocinadores estatais do terrorismo e aumentando as restrições a remessas de recursos, turismo e comércio.
Os apagões na capital, ao contrário de grande parte do resto do país, são em grande parte programados e muito mais curtos do que nas províncias mais afastadas e rurais, onde as interrupções de energia chegam a durar 15 horas ou mais por dia.
Mas estão se tornando cada vez mais o assunto da cidade em Havana.
"É terrível, é terrível. O sistema de eletricidade deste país, neste momento, simplesmente não está funcionando", disse Dayamí Cheri, de 52 anos, moradora de Havana Velha. "Com esse calor e sem eletricidade, ninguém consegue sobreviver."
As interrupções recentes levaram ao fechamento de escolas e locais de trabalho, reforçando um déficit já profundo na produção econômica, que caiu 1,9% em 2023. A economia não se expandiu em 2024, quando ocorreram apagões mais severos, embora o governo ainda não tenha divulgado os números de crescimento do ano passado.
No entanto, há vislumbres de esperança.
Cuba está progredindo este ano em um plano apoiado pela China para instalar mais de 50 parques solares capazes de produzir mais de 1.000 megawatts de eletricidade.
Onze desses parques solares foram instalados desde fevereiro, oferecendo a promessa de um futuro melhor, embora a maioria dos "habaneros" diga que ainda está se preparando para um longo verão.
"Eu nasci com apagões", disse Yasunay Perez, de 46 anos, do centro de Havana. "Isso não é novidade."
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