OPINIÃO
Josias: Apoio de Rússia e China ao Irã é mais retórico do que militar
Colaboração para o UOL
23/06/2025 11h46
A participação de Rússia e China no conflito entre Irã e Israel consiste em discursos de apoio aos iranianos e, até o momento, não envolve ajuda militar, afirmou o colunista Josias de Souza no UOL News hoje.
Hoje, a Rússia disse estar pronta para ajudar os iranianos. Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, disse que o auxílio "pode vir de diversas formas" e "depende do que o Irã precisar". O posicionamento ocorre dois dias após a entrada dos EUA na guerra.
O conflito ganhou um novo patamar com esse envolvimento mais direto dos EUA, que bombardearam instalações nucleares do Irã. Até aqui, estavam apoiando retórica e financeiramente Israel nesse seu embate contra adversários no Oriente Médio. Agora, Trump colocou os EUA na guerra.
Essa retórica do Putin não poderia ser diferente. Os dois principais aliados do Irã são a Rússia e a China, mas ambos têm outras prioridades. Putin está envolvido em uma guerra particular com a Ucrânia, provocada por ele. Qualquer questionamento às ações dos EUA no Irã tem um quê de cinismo quando vem dos lábios de Putin, que Putin não tem muita legitimidade para questionar o comportamento de Trump e [Benjamin] Netanyahu [primeiro-ministro de Israel].
Em relação à China, a mesma coisa. Ela está interessada em outras coisas e não em uma guerra, senão no conflito comercial que trava mais diretamente com os EUA. A China olha para essa escalada no Irã com outro tipo de preocupação. O Irã fala em bloquear o estreito de Ormuz e, se isso acontecer, o primeiro prejudicado é o governo chinês.
Retoricamente, China e Rússia sempre ficarão ao lado do Irã. Já está sendo assim no âmbito do Conselho de Segurança da ONU. Por ora, não me parece haver uma disposição efetiva de ambos em comparecer militarmente a esse confronto. Se isso ocorrer, evidentemente se tornará uma Terceira Guerra Mundial. O apoio da Rússia e da China é mais retórico do que militar. Josias de Souza, colunista do UOL
Josias ressaltou que o nível de apoio da Rússia ao Irã será determinante para a escalada do conflito no Oriente Médio.
Se ultrapassar o campo da retórica, teremos um confronto de outras proporções. Por ora, não parece haver esse risco. Evidentemente, sabemos como uma guerra começa, mas dificilmente se imagina como termina. Previa-se que o confronto na Ucrânia seria de curta duração, e estamos convivendo com um conflito interminável.
Não parece que a manifestação do Putin ultrapasse o campo da retórica. É preciso ver se, de fato, ele fornecerá armamentos para o Irã. Enviará recursos financeiros? É necessário notar até onde vai esse apoio. Josias de Souza, colunista do UOL
Bulla: Fator imponderável, resposta do Irã pode vir com táticas terroristas
A forma como o Irã responderá aos ataques dos Estados Unidos se tornou imprevisível e pode vir com o uso de táticas terroristas, analisou a colunista Beatriz Bulla.
Trump vem falando que eles praticamente conseguiram eliminar o programa nuclear iraniano, mas isso não vem sendo confirmado até agora pelas próprias agências americanas e pela agência internacional que trata desse assunto. Até agora, temos a palavra do Trump sobre o que aconteceu.
Há um fator imponderável de como e qual será o tamanho da resposta que o Irã tem a oferecer para os EUA. As táticas terroristas são uma prática possível de ser utilizada pelo Irã agora. O mundo sabe disso pelas práticas do Irã fora do país. O que virá depois disso? Após uma resposta do Irã às bases americanas, qual será a tréplica dos EUA? O quão mais longe isso irá?
Todo mundo se pergunta isso e não há uma resposta porque depende dos desdobramentos dos dias posteriores. Por isso, a comunidade internacional vem clamando para parar a escalada desse conflito e chegar a um ponto de negociação de paz, que parece tão improvável hoje a julgar pelas declarações que vemos tanto de um lado como do outro. Beatriz Bulla, colunista do UOL
Assista ao comentário na íntegra:
O UOL News vai ao ar de segunda a sexta-feira em duas edições: às 10h, com apresentação de Fabíola Cidral, e às 17h, com Diego Sarza. Aos sábados, o programa é exibido às 11h e 17h, e aos domingos, às 17h.
Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL. O Canal UOL também está disponível na Claro (canal nº 549), Vivo TV (canal nº 613), Sky (canal nº 88), Oi TV (canal nº 140), TVRO Embratel (canal nº 546), Zapping (canal nº 64), Samsung TV Plus (canal nº 2074) e no UOL Play.
Veja a íntegra do programa:
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL