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Agência contratada para fazer trilha de Juliana estava banida de parque

Do UOL, em São Paulo

28/06/2025 05h30Atualizada em 28/06/2025 10h14

A agência responsável por organizar a trilha feita pela publicitária brasileira Juliana Marins, 26, encontrada morta no monte Rinjani, um vulcão na Indonésia, estava proibida de operar no parque.

O que aconteceu

Lista em aplicativo oficial do Parque Nacional do monte Rinjani indica que empresa estava banida. Um organizador de turismo local, que preferiu não se identificar, explicou ao UOL que não sabe como a agência, identificada como Bas Rinjani, ainda consegue operar, já que está incluída no que eles chamam de ''lista negra''. ''É isso que nos preocupa", disse.

Guia afirmou que empresa é "comprovadamente problemática". ''Como é possível que ainda tenha permissão de levar pessoas a um local mesmo sendo incluída em uma lista de banidos? Se nenhuma ação for tomada, um incidente como este poderá se repetir. E, da próxima vez, as vítimas poderão ser nossos próprios amigos ou familiares", denunciou.

Aplicativo oficial do Parque Nacional do Monte Rinjani mostra lista com empresas proibidas de operar no local Imagem: Reprodução/UOL

Bilhete da trilha foi comprado por Juliana por meio de uma intermediária, Ryant Tour. À reportagem, a empresa confirmou ter vendido o ticket para a brasileira. Além disso, disse que é responsável pela venda de pacotes de escalada, mas que a gestão efetiva da atividade é realizada por operadoras locais da Indonésia, como a Bas Rinjani.

A Ryant Tour é uma parceira da operadora Bas, segundo afirmação da própria. O organizador local ouvido pelo UOL explicou que a Bas seria a responsável pelo gerenciamento da logística, do fornecimento de materiais, designação de guias certificados, bem como pela obtenção das licenças necessárias.

Não entendemos como a Bas Rinjani consegue operar novamente, especialmente porque, até onde sabemos, a licença da empresa já foi colocada na 'lista negra' anteriormente. Isso é bastante confuso, e esperamos que as autoridades possam fornecer uma explicação clara e transparente.
Organizador local ouvido pelo UOL

Parque não detalha em app motivos que levaram empresa a ser banida

O homem falou ainda que ser incluído na lista significa que o Parque Nacional considera sua segurança, legalidade e ética de trabalho inadequadas. A empresa pode ser proibida de operar temporariamente ou permanentemente, e pode sofrer sanções legais se continuar seus serviços ilegalmente. Além da Bas, outras 26 empresas também estão banidas.

Sem se identificar, a reportagem tentou simular o agendamento de uma escalada com a Bas. Questionada sobre a dificuldade da trilha para iniciantes, ela respondeu: ''Você vai ver, quando escalar''. Em meio a negociação de valores, o UOL falou à operadora que havia encontrado o nome dela na ''lista negra'' e perguntou se era possível seguro seguir com a compra mesmo assim. A empresa confirmou a inclusão dela na listagem e preferiu interromper a conversa.

O UOL questionou formalmente a Bas Rinjani e o Parque Nacional para entender por qual motivo a empresa conseguia operar, mesmo estando na lista de banidas, conforme informações do aplicativo oficial do local. Até o momento, não houve retorno, mas o espaço segue aberto para manifestação. A reportagem também tentou contato com o Ministério do Turismo da Indonésia, mas não houve retorno.

Corpo de brasileira foi encontrado pouco tempo após a morte

Juliana morreu entre 50 minutos e 12h50 antes do resgate. O corpo dela foi recuperado depois de sete horas de trabalho de socorristas e voluntários. Ele começou a ser retirado por volta das 13h50 do dia 25 [2h do dia 25, no horário de Brasília], sendo içado em uma maca e levado para uma base do parque.

Morte foi confirmada após quatro dias de tentativa de resgate. "Com imensa tristeza, informamos que ela não resistiu", afirmou a família. Poucas horas antes, o Ministério do Turismo daquele país publicou que ela estava em "estado terminal", segundo avaliação das equipes de busca.

Vítima ficou ferida até morrer, afirmou médico legista. "De acordo com meus cálculos, a vítima morreu na quarta-feira, 25 de junho, entre 1h e 13h [14h do dia 24 e 2h do dia 25, no horário de Brasília]", disse Ida Bagus Putu Alit, do hospital Bali Mandar, à BBC News. Isso contradiz a Agência Nacional de Busca e Resgate (Basarnas), que havia dito que ela morreu na noite do dia 24.

Médicos afirmaram que não há "sinais clássicos" de hipotermia. Segundo o legista, a falta de necrose nas extremidades do corpo permite "afirmar com segurança" que a jovem não morreu devido ao frio. A temperatura era próxima de 0 ºC à noite. Juliana usava apenas calça e blusa, sem equipamentos próprios, o que levou muitas pessoas a questionarem se ela sobreviveria às condições climáticas.

Membros superiores, inferiores e costas da brasileira foram áreas mais machucadas. Segundo o legista, além de hemorragia interna, brasileira tinha ferimentos na cabeça, fraturas na coluna vertebral, nas coxas e outras escoriações pelo corpo.

Juliana morreu por "trauma torácico grave" após cair pela 2ª vez, segundo autópsia. O médico afirmou que a jovem teve órgãos internos respiratórios comprometidos por fraturas causadas pelo impacto da queda.

Juliana escorregou e caiu na trilha do vulcão

Juliana tropeçou e escorregou durante a trilha na noite de sexta (20), no horário de Brasília. Ela rolou da montanha e foi parar a cerca de 300 metros abaixo do caminho da trilha, no vulcão Rinjani, na ilha de Lombok. Com isso, ficou debilitada e não conseguia se movimentar.

Família acompanhou situação por fotos e vídeos enviados por espanhóis à espera do resgate. Mariana diz que tudo se agravou com o aparecimento de forte neblina e umidade, que fez com que Juliana escorregasse ainda mais. A irmã chegou a dizer que seria um ''absurdo se ela morresse por falta de socorro''.

Demora ocorreu por dificuldades na trilha, disse governo local. A Barsanas (Agência Nacional de Resgate da Indonésia) afirmou que a dificuldade de acesso à trilha fez com que as pessoas que avistaram Juliana levassem oito horas até conseguir comunicar o fato às autoridades. Segundo eles, desde o primeiro dia, tentativas de resgate com cordas e macas foram feitas, sem sucesso.

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