EUA atacam Irã, que revida contra Israel: as últimas horas da guerra
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Após mais de uma semana de conflito entre Israel e Irã, os EUA atacaram ontem instalações nucleares iranianas e entraram oficialmente na guerra. Em retaliação, Teerã lançou hoje uma nova onda de mísseis em direção ao território israelense, que deixou pelo menos 86 pessoas feridas. Veja tudo o que aconteceu nas últimas horas.
Ataque dos EUA ao Irã
O governo americano realizou ataques contra as instalações de enriquecimento de urânio de Fordow, Natanz e Ishafan. "Todos os aviões estão agora fora do espaço aéreo do Irã. Uma carga completa de bombas foi lançada no local principal, Fordow. Todos os aviões estão a caminho de casa em segurança", anunciou ontem pelas redes sociais.

Até agora, Trump vinha insistindo que atuaria apenas na defesa de Israel. Ele havia dito que decidiria em duas semanas se iria se envolver nos ataques. O anúncio dos ataques, portanto, pegou diplomatas e grupos políticos de surpresa.
Os democratas imediatamente alertaram que o republicano havia entrado em guerra sem a aprovação do Congresso americano.
Secretário alegou que EUA não buscam guerra
O secretário de Defesa, Pete Hegseth, disse que o país não procura guerra, mas agirá em caso de ameaça. Em entrevista coletiva hoje, ele afirmou que a operação mirou somente as instalações nucleares do Irã, que teriam sido "completamente devastadas", e não os soldados ou o povo do país persa.
Com isso, Trump ignora promessa de campanha e aposta em uma escalada militar global. O republicano usou como bandeira durante a corrida eleitoral em 2024 que não envolveria os EUA em novos conflitos e insistiu que, no poder, anunciaria "imediatamente" acordos de paz em Gaza e na Ucrânia. Cinco meses depois, nenhum acordo foi obtido e, agora, uma nova frente de batalha foi lançada.
Netanyahu agradeceu os EUA pela ação
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, elogiou Trump e disse que ataque dos EUA "mudará a história". Segundo ele, os americanos ''fizeram o que nenhum outro país do mundo poderia ter feito para impedir o regime mais perigoso do mundo'', em clara referência ao Irã.
Irã reagiu com novos bombardeios

Mísseis do Irã foram disparados em direção ao centro e ao norte de Israel, e pelo menos 86 vítimas ficaram feridas. Sirenes de alerta foram ouvidas em Tel Aviv durante a madrugada do horário de Brasília. Alguns edifícios no centro de Israel desabaram com o impacto dos mísseis, segundo o serviço de emergência israelense.
Irã também descartou uma saída diplomática e responsabilizou Trump pelo o que virá a seguir. País afirmou que governo de Trump escolheu "lançar a diplomacia pelos ares" e é o ''único e total responsável pelas consequências amplas e perigosas do seu ato de agressão''.
Irã pediu reunião de emergência com a ONU
Em carta enviada ao órgão máximo da entidade e obtida pelo UOL, o embaixador do Irã na ONU, Amir Saeid Iravani, criticou a ofensiva militar americana. Ele pediu que a Organização convoque uma reunião imediata sobre as chamadas "ações selvagens e criminosas" dos EUA. Na semana passada, dois encontros realizados também por conta da operação militar de Israel contra iranianos revelaram um racha na comunidade internacional
Hezbollah fala que não participará da guerra
Um porta-voz do grupo disse à Newsweek que não tinha planos imediatos de retaliar os ataques de Israel e EUA ao Irã. O grupo militante libanês alinhado ao Irã se manifestou poucas horas depois da ação dos EUA e falou que Irã é ''forte e capaz de se defender''. ''A lógica dita que ele pode confrontar os Estados Unidos e Israel'', escreveu em mensagem ao veículo de notícias.
Chanceler do Irã anunciou reunião com Putin
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, disse que terá um encontro com o presidente russo, Vladimir Putin, para ''conversas sérias''. "Temos uma parceria estratégica e sempre fazemos consultas um ao outro para coordenar nossas posições", contou o chanceler, que viajará ainda hoje para Moscou.
Rússia condena "veementemente" o ataque dos EUA ao Irã. O país chamou a ação norte-americana de "irresponsável" e de "grave violação do direito internacional". "Já está claro que uma perigosa escalada começou, repleta de novos enfraquecimentos da segurança regional e global", afirmou o Ministério das Relações Exteriores da Rússia, em um comunicado.
Agência atômica do Irã diz que não interromperá suas atividades
A agência disse que os ataques ''bárbaros'' dos EUA não cessarão suas atividades nucleares. "O Irã não permitirá que o caminho do desenvolvimento desta indústria nacional nuclear, que é o resultado do sangue de mártires nucleares, seja interrompido", afirmou em comunicado publicado pela mídia estatal.
China também chamou ataque dos EUA de ''violação''
Para o Ministério das Relações Exteriores chinês, a ação violou a carta da ONU. A China instou as partes do conflito, especialmente Israel, a cessarem os ataques o mais rápido possível e a iniciarem diálogo e negociações.
Líder supremo do Irã se refugia e teme ser assassinado
O aiatolá Ali Khamenei está refugiado em um bunker. Segundo o The New York Times, ele passou a se comunicar com seus comandantes principalmente por meio de um assessor de confiança e suspendeu as comunicações eletrônicas para dificultar que Israel ou EUA saibam de sua localização.
Líder já mobiliza possíveis sucessões. Khamenei estaria escolhendo uma série de substitutos em sua cadeia de comando militar, caso os mais valiosos tenentes sejam mortos. Além disso, chegou a nomear três clérigos seniores como candidatos ao seu posto.
Países apresentam proposta de cessar-fogo
Os governos da Rússia, China e Paquistão se uniram para circular hoje um projeto de resolução na ONU propondo um cessar-fogo "imediato e incondicional" no conflito. A iniciativa coloca pressão sobre os EUA, um dos membros permanentes do Conselho de Segurança e que tem o poder de vetar o texto. Diplomatas indicaram que, nas próximas horas e dias, o texto será alvo de uma intensa negociação.
Irã vota para fechar Estreito de Ormuz
O Parlamento do Irã votou hoje para bloquear a via por onde passa 20% de todo o petróleo do mundo. Estima-se que cerca de 20 milhões de barris de petróleo bruto e condensado e combustíveis sejam transportados por ali diariamente, segundo dados da Vortexa, consultoria do mercado de energia e frete.
Bloqueio ainda não foi decidido. A votação no Parlamento iraniano deve ser avaliada pelo Conselho de Segurança do Líder Supremo do país. Caso seja aprovado, impactará o preço do petróleo mundialmente.
Papa diz que guerra não resolverá
Pontífice declarou que o clamor pela paz não deve ser ''abafado pelo rugido das armas ou por palavras que incitem ao conflito''. Ele ainda pediu ontem que todos os membros da comunidade internacional assumam responsabilidade moral para frear a tragédia antes que se torne um ''abismo irreparável''. A declaração foi dada horas depois do ataque dos EUA.
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