Guerra entre Israel e Irã é uma das mais inúteis do mundo, avalia professor

A guerra travada entre Israel e Irã não traz interesse a ninguém e é um conflito inútil, avaliou Najad Khoury, professor e especialista em Oriente Médio, em entrevista ao UOL News hoje.

A escalada na tensão na região já causou mais de 200 mortes. Não há qualquer perspectiva de cessar-fogo no momento e os dois países realizam novos ataques mútuos.

Essa é uma das guerras mais inúteis do mundo. Ela não visa ocupação territorial, porque ambos os países têm uma distância muito grande. Visa a queda de regime, uma vez que Israel alega que o Irã é um regime autoritário que precisa ser derrubado e, com esses ataques, pode causar uma revolta interna. Sabemos que, quando há um ataque externo, a população se reúne em torno do governo, e não contra ele.

A escalada em relação às estações petrolíferas é outra coisa perigosa. Isso não acontece desde a época da guerra entre Irã e Iraque, quando houve destruições mútuas. Isso pode permitir ao Irã atacar as instalações petrolíferas e de gás natural de Israel, que são importantíssimas.

Se houver uma escalada nesse sentido, pode haver um envolvimento mundial e o preço do petróleo subir sem controle. Qual a finalidade disso? Derrubar o governo do Irã ou o de Israel? Nenhum dos dois países conseguirá isso. É uma destruição inútil. Najad Khoury, professor e especialista em Oriente Médio

Na visão de Khoury, o conflito entre Irã e Israel preocupa a cúpula do G7 pelo risco à economia mundial, já que refinarias e áreas de extração de gás natural estão entre os alvos dos ataques.

Essa guerra não interessa a ninguém. Nem ao próprio Irã, que nunca quis um conflito em seu território por saber que isso custa muito caro. O país sabe que Israel tem apoio de grande maioria do mundo.

Para o G7, não interessa uma escalada que pode atrapalhar o fluxo mundial de petróleo, diminuir o progresso global ou causar mais destruições. O resultado disso é nenhum. Ninguém conseguirá alcançar nada; nem o Irã tem condições de derrubar o governo de Israel e vice-versa. Criar um conflito no Golfo Pérsico, que é sensível à movimentação mundial de energia, é altamente perigoso. Najad Khoury, professor e especialista em Oriente Médio

Para o professor, o presidente russo Vladimir Putin pode exercer papel fundamental como mediador do conflito, já que possui relações melhores com os dois países do que o líder norte-americano Donald Trump.

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Trump declarou que não quer guerra durante a gestão dele e prometeu acabar com os conflitos entre Rússia e Ucrânia e em Gaza. Ele quer dinheiro, negócios. O triunfo dele seria se a Arábia Saudita fizesse um acordo de paz ou reabrir relações diplomáticas com Israel ao modo dos Emirados Árabes. Esse é o objetivo principal de Trump para o Oriente Médio.

Trump não tem diálogo direto com o Irã e um dos objetivos de Benjamin Netanyahu é que não haja esse acordo, porque ele perderia a postura de alguém que determina a política do Oriente Médio para os EUA. Se houver um acordo entre EUA e Irã, ele perde um pouco o status de negociador-chefe da região.

Para a Rússia, cria uma oportunidade. Putin tem um diálogo bom com o Irã e tem uma relação ótima com Netanyahu. Ele tem uma postura mais equilibrada para conseguir cessar estas hostilidades, embora possa não haver paz e nem a abertura de relações entre Irã e Israel. Najad Khoury, professor e especialista em Oriente Médio

Bulla: Com frase ambígua de Trump, Irã x Israel toma cenário do G7

O conflito entre Irã e Israel tomou o centro das atenções na reunião do G7, potencializada pela postura ambígua de Donald Trump, analisou a colunista Beatriz Bulla.

Em sua maioria, os americanos não querem que os EUA continuem participando de guerras. Isso encontra apoio tanto entre democratas como republicanos. Essencialmente, o discurso de Trump é de que os democratas colocaram o país em guerras e gaste com isso, quando deveria se voltar para seus próprios interesses e não o de outros países.

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Esse é o contexto que ele tem dentro de casa. Por isso, é tão difícil imaginarmos uma intervenção dos EUA diretamente. Ao ir para o G7, Trump tem uma fala ambígua ao dizer que pode haver um acordo, mas eles terão que lutar. Ele não se coloca e nem indica de qual maneira ele se posicionará durante essa cúpula. Beatriz Bulla, colunista do UOL

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