Alvo de bolsonaristas, Tarcísio faz malabarismo em reação a tarifa de Trump
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O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), poupou o Supremo Tribunal Federal, defendeu Jair Bolsonaro e atacou o presidente Lula ao comentar a taxação de 50% imposta por Donald Trump.
Foi um malabarismo nas palavras, que resume bem a fonte da irritação do entorno de Bolsonaro com o governador.
Tarcísio é o nome em que o centrão e parte do PIB apostam para a Pesidência em 2026, mas, que, até agora, não consolidou o apoio da família Bolsonaro como o candidato da direita justamente por não se posicionar frontalmente contra o STF e não defender anistia publicamente aos acusados pelo 8 de janeiro.
Trump foi enfático em sua manifestação ao sobretaxar os produtos importados do Brasil. Disse que o julgamento de Bolsonaro no STF por tentativa de golpe de Estado "não deveria estar acontecendo"; chamou o processo de "Caça às Bruxas que deve terminar IMEDIATAMENTE!"; e classificou decisões da corte como "Ordens de Censura SECRETAS e ILEGAIS", entre outros.
O entorno de Bolsonaro tem esperado um posicionamento contundente de Tarcísio assim como o que foi feito pelo americano.
Mas o texto divulgado ontem por Tarcísio nas redes tem seis frases nas quais responsabiliza Lula pela deterioração da relação com os EUA e defende Bolsonaro, seu padrinho politico.
A escolha deliberada das palavras reflete a distância que Tarcísio tenta imprimir entre a figura dele —apoiada por caciques políticos e pela elite financeira— do radicalismo colado ao bolsonarismo.
Hoje, em entrevista, Tarcísio foi questionado sobre o papel do Supremo na decisão de Trump e disse que há "uma série de posturas que não condizem com a nossa tradição democrática e eu espero que o Brasil sente na mesa e resolva o problema das tarifas".
Foi a segunda vez que criticou o STF, ainda que em tom bem mais ameno do que o esperado pelos bolsonaristas. Dias atrás, afirmou que o ex-presidente "deve ser julgado somente pelo povo brasileiro, durante as eleições" — uma menção velada ao julgamento pela corte.
Não é isso que o entorno de Bolsonaro espera dele. Aliados do ex-presidente não se cansam de lembrar que o governador foi eleito com o apoio da família e que ele não teria força para concorrer ao Planalto sem o apoio de Bolsonaro.
No fim de junho o governador subiu em um carro de som na Avenida Paulista durante ato de apoio a Bolsonaro. Fez um "discurso de presidenciável da oposição", nas palavras de bolsonaristas. Na ocasião, atacou Lula, defendeu Bolsonaro e deixou de fora as críticas ao Supremo esperadas pelos apoiadores do ex-presidente. Sequer mencionou a corte ou o ministro Alexandre de Moraes.
É o mesmo roteiro do comunicado sobre o tarifaço de Trump. Um recado para o centro, mas que o entorno de Bolsonaro também observa.
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