Josmar Jozino

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Reportagem

Caso Gritzbach: Mandante do crime enganou polícia, Receita, Detran e bancos

O narcotraficante Emílio Carlos Gongorra Castilho, 44, o Cigarreiro, acusado de ser o mandante da morte de Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, 38, delator do PCC (Primeiro Comando da Capital) vem enganando a Polícia Civil, o Detran de São Paulo, e a Receita Federal desde 2010.

Segundo o MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo), com o uso de certidão de nascimento falsa, de Fortaleza (CE) Cigarreiro, tirou carteira de identidade na capital paulista em 26 de julho de 2010, em nome de João Luiz da Cunha.

No mesmo ano, com a nova carteira de identidade, o criminoso driblou a Receita Federal e conseguiu tirar um CPF falso. Em dezembro de 2010 ludibriou o Detran (Departamento Estadual de Trânsito) de São Paulo e obteve uma CNH (Carteira Nacional de Habilitação).

RGs para os filhos

A ousadia de Cigarreiro não parou aí. Ainda com o nome de João Luiz da Cunha, o narcotraficante foi a um antigo Centro de Integração da Cidadania na zona sul paulista, em 23 de maio de 2011, e tirou carteiras de identidades também falsificadas para seus dois filhos.

Já em 2 de março de 2012, munido de outra certidão de nascimento falsa, oriunda de Xaxim (SC), o criminoso foi à Delegacia Seccional de Registro, no Vale do Ribeira (SP), e obteve outro RG, dessa vez em nome de João Bortolato Fallopa.

O MP-SP apurou que com esse último nome Cigarreiro obteve outro CPF. Em 13 de dezembro de 2012 ele tirou a primeira via da CNH em Várzea Paulista. A segunda via foi emitida em 25 de abril de 2014 em Santo André e a terceira em 18 de setembro de 2017 na mesma cidade.

Em 31 de outubro de 2023, se passando por João Luiz da Cunha, o narcotraficante abriu contas bancárias em instituições financeiras no bairro de Alphaville, em Barueri, na região metropolitana de São Paulo.

Denunciado pelo MP

No último dia 27, o promotor de Justiça Paulo Henrique Castex denunciou Emílio Carlos Gongorra Castilho por uso de documentos falsificados ou alterados.

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Investigações conduzidas pelo DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) concluíram que Cigarreiro foi um dos mandantes do assassinato de Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, morto com tiros de fuzis em 8 de novembro do ano passado no aeroporto internacional de Guarulhos.

Três PMs acusados de participar diretamente da execução do crime estão presos. Cigarreiro teve a prisão preventiva decretada pela Justiça e está foragido.

Para o DHPP, Cigarreiro encomendou a morte de Gritzbach porque o delator do PCC mandou matar o também narcotraficante Anselmo Becheli Santa Fausta, o Cara Preta, ligado ao PCC e assassinado a tiros em 27 de dezembro de 2021 no bairro do Tatuapé, zona leste.

Cigarreiro tem ligações com o CV (Comando Vermelho) e foi apresentado para integrantes do PCC pelo comparsa Cara Preta. Ambos eram amigos. Um dia antes do assassinato do delator, Cigarreiro embarcou em um avião no aeroporto de Jundiaí (SP) e fugiu para o Rio de Janeiro.

A reportagem não conseguiu contato com os advogados de Emílio Carlos Gongorra Castilho. O espaço continua aberto para manifestações. O texto será atualizado assim que houver um posicionamento dos defensores dele.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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