Câmara brinca de roleta-russa

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Durou menos de 48 horas a decisão da Câmara de suspender a ação penal que tem como réus o deputado Alexandre Ramagem, Bolsonaro e o alto comando da trama golpista. Aprovada na noite de quarta-feira, a malandragem foi comunicada ao Supremo na quinta. Nesta sexta, formou-se rapidamente numa sessão virtual da Primeira Turma do tribunal maioria para recolocar nos trilhos a ação penal do golpe.
A imunidade parlamentar, quando usada para cavar a impunidade, vira um outro nome para vigarice. Quando pessoas sem mandato tentam pegar carona na imunidade alheia, a picaretagem vira formação de quadrilha. Se o crime do qual se deseja escapar é uma tentativa de golpe de Estado, com invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, tem-se a reiteração do ataque à democracia.
O Brasil convive com uma democracia suicida. O Congresso tem comportamento de alto risco. Nesta semana, a Câmara exagerou. Brincou de roleta-russa. Primeiro, criou 18 novas vagas de deputado além das 513 já existentes. Depois, aprovou o bloqueio à ação penal do golpe.
A primeira excrescência foi para o Senado. A segunda ruiu rapidamente no Supremo. A blindagem valerá para Ramagem, e apenas nos crimes cometidos após sua diplomação como deputado. A ação prossegue normalmente para Bolsonaro e os outros cúmplices.
Todos conhecem a velha tirada do Churchill segundo a qual a democracia é o pior regime imaginável com exceção de todos os outros. Pois os deputados brasileiros parecem empenhados em dar razão a todos os que pregam as alternativas piores.
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