Chico e personalidades pedem que Lula rompa com Israel e aplique embargo

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Artistas, movimentos sociais, sindicatos, parlamentares e acadêmicos pedem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aplique um embargo na venda de petróleo para Israel, decrete o fim do tratado comercial entre os dois países e rompa relações diplomáticas com o governo de Benjamin Netanyahu.
A carta com o apelo, enviada nesta quarta-feira, coincide com os 600 dias dos ataques sobre Gaza e que deixaram mais de 53 mil mortos e que ocorreram depois das ações do Hamas em Israel em outubro de 2023. Pelo mundo, ações de apelo a um boicote contra Israel serão organizadas em dezenas de cidades.
A carta organizada pela entidade BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções) é assinada por personalidades como Carol Proner, Chico Buarque, Emir Sader, Manuela D'Ávila, Milton Hatoum, Paulo Sérgio Pinheiro, Chico Diaz, Giovanna Nader, Gregorio Duvivier e Vladimir Safatle.
"É indispensável que o Brasil se junte às demais nações que aplicaram sanções ao regime israelense, rompendo relações diplomáticas e comerciais com o estado sionista de Israel, através de embargo militar bilateral e embargo energético, e revogue o tratado de livre comércio em vigor", diz a proposta, que está aberta à adesão.
Para eles, existe um "regime de ocupação e apartheid israelense e o genocídio em Gaza". O grupo alerta que, apesar de Lula ter tomado uma atitude "firme" de solidariedade ao povo palestino e de apresentar propostas para o cessar-fogo na Faixa de Gaza, o que tem sido visto é um aumento da violência, "o bloqueio desumano e cruel que ameaça a vida de 2,3 milhões de pessoas em Gaza, em especial 14 mil bebês que se encontram em risco iminente de morte".
"Essa conduta gera nos terceiros Estados obrigações internacionais que vão além de gestos e propostas diplomáticas, como já decidido pela Corte Internacional de Justiça (CIJ) em julho de 2024 e pela Assembleia Geral da ONU em 18 de setembro de 2024, em resolução que o Estado Brasileiro apoiou", disseram.
De acordo com a carta, "Israel viola abertamente deliberações emanadas da Corte Internacional de Justiça, colocando-se à margem do direito, além de desrespeitar o Conselho de Segurança e a Assembleia Geral da ONU, sendo a aplicação de sanções de direito internacional o mecanismo adequado e essencial para endereçar a situação".
"Sem embargo, o Brasil segue exportando petróleo e negociando compra e venda de equipamentos militares com o Estado israelense e suas empresas", alerta a carta assinada também pelas parlamentares Erika Hilton (PSOL-SP), Fernanda Melchionna (PSOL-RS), Guilherme Boulos (PSOL-SP), Henrique Vieira e Tarcísio Motta (PSOL-RJ) e Luiza Erundina de Sousa (PSOL-SP).
O grupo, que ainda conta com a Central Única dos Trabalhadores, Associação Islâmica de São Paulo, Federação Árabe Palestina do Brasil, Associação Juízes e Juízas para a Democracia Nacional e Árabes e Judeus pela Paz, afirma que o país deve "dar exemplo".
"Estamos convencidos uma vez mais que é hora de nosso país dar o exemplo de cumprimento do direito internacional, especialmente no contexto de sua presidência do grupo de trabalho sobre Direito Internacional na conferência das Nações Unidas de junho próximo para a criação do Estado palestino e independente", pede a carta.
"É indispensável que o Brasil se junte às demais nações que aplicaram sanções ao regime israelense, rompendo relações diplomáticas e comerciais com o estado sionista de Israel, através de embargo militar bilateral e embargo energético, e revogue o tratado de livre comércio em vigor", diz a proposta.
Segundo eles, isso permitiria o Brasil se alinhar "ao parecer de especialistas das Nações unidas que prevê que, para o cumprimento da decisão da CIJ, os Estados devem "cancelar ou suspender relações econômicas, acordos comerciais e relações acadêmicas com Israel" até que este cumpra as determinações para pôr fim ao genocídio, ocupação e apartheid e respeitar a autodeterminação do povo palestino".
"Essas medidas, se adotadas por nosso país e sob uma liderança de sua envergadura, certamente serão exemplo a outros governos provocando uma onda necessária para que se encerre essa carnificina e para que os direitos inalienáveis do povo palestino sejam respeitados e garantidos em sua totalidade", defendem.
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