Jamil Chade

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Empresa de Musk, SpaceX quer ampliar atuação no Brasil e busca Motta

A SpaceX, empresa de satélites de Elon Musk, quer ampliar seus investimentos no Brasil. O mercado já é o segundo maior do mundo para a companhia do bilionário aliado a Donald Trump.

Nesta quarta-feira, representantes da empresa mantiveram uma reunião com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB). O encontro ocorreu às margens de um debate sobre o Brasil, no Hotel Plaza de Nova York. Na mesa estava o vice-presidente da SpaceX, Mat Dunn.

Segundo Motta, foi "uma reunião institucional de apresentação de seus projetos". "Eles demonstraram o interesse em ampliar os seus negócios no Brasil", disse o deputado. Para ele, o serviço "ajudará num pais continental e que precisa ainda desenvolver a internet".

Nos últimos meses, a Starlink fez uma campanha junto à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para conseguir autorização para ampliar sua atuação. Apesar das críticas de alas do governo Lula contra Musk, a chancela foi dada.

O encontro da empresa com Motta ocorre dois meses depois de a liderança do PT na Câmara dos Deputados pedir que o governo Lula faça uma revisão de todos os contratos que o Estado mantém com a Starlink. O UOL apurou que a presidência do Legislativo é contra qualquer suspensão dos acordos.

Numa indicação parlamentar obtida com exclusividade pelo UOL e enviada à Casa Civil, o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) sugeriu ao Poder Executivo a revisão de relações de cooperação e contratos de serviços com a Starlink em 2025. A empresa é líder no mercado brasileiro no fornecimento de conexão de internet via satélite. Durante o governo de Jair Bolsonaro, Musk foi recebido com pompas no Brasil.

"O fundador da empresa Elon Musk, que recentemente foi nomeado como chefe do Departamento de Eficiência Governamental dos Estados Unidos, está envolvido com polêmicas ao redor do globo, fator que compromete a confiança dos contratos que suas empresas estabelecem com os mais diversos países", afirmou a indicação, um instrumento utilizado pelos parlamentares para apresentar sugestões e solicitações ao Executivo.

Segundo o documento, o CEO da Starlink se tornou um defensor de políticas da extrema-direita, tendo apoiado o partido Alternativa para a Alemanha (AfD) às vésperas da eleição do Parlamento alemão, além de frequentemente estar envolvido em polêmicas, como a que acarretou a suspensão no Brasil da rede social X, outra empresa de propriedade de Musk.

"A desconfiança quanto aos serviços prestados por tais empresas tem levado diversos países a reverem os negócios que possuem com o empresário. É o caso da Itália, que paralisou negociações com a Starlink devido às declarações públicas de seu fundador", disse Lindbergh Farias.

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"Outro caso recente foi a discussão de Musk com o empresário Carlos Slim, dono da América Móvil, uma das principais empresas de telecomunicações da América Latina. O empresário mexicano, em represália, rompeu colaborações com a Starlink, gerando um prejuízo estimado em US$ 7 bilhões à empresa", acrescentou.

"Nesse sentido, o objetivo desta Indicação, que se direciona ao Poder Executivo, é a sugestão de reavaliação dos contratos que o Estado brasileiro possui com a empresa Starlink, por meio de convênios federais", afirmou.

"A atuação político-ideológica e arbitrária de seu CEO apresenta um risco para a soberania nacional brasileira", alertou o deputado.

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