Irã considera propostas europeias para programa nuclear "irrealistas"

A reunião na Suíça entre os ministros das Relações Exteriores da França, Alemanha e Reino Unido, acompanhados pela ministra das Relações Exteriores da União Europeia, Kaja Kallas, não parece ter produzido nenhum resultado concreto para a resolução da disputa sobre o programa nuclear iraniano.

As propostas apresentadas pelos europeus durante as negociações realizadas na sexta-feira em Genebra, focadas principalmente no programa nuclear iraniano, são "irrealistas" e não será possível chegar a um acordo se forem mantidas, disse uma alta autoridade iraniana à Reuters.

"De qualquer forma, os iranianos analisarão as propostas europeias em Teerã e apresentarão sua resposta na próxima reunião", disse a autoridade, que pediu anonimato.

Israel cita o suposto progresso do programa nuclear de Teerã como justificativa para a sua campanha de bombardeios contra o Irã, iniciada em 13 de junho.

Na sexta-feira, ambas as partes expressaram a disposição de continuar as discussões, embora nenhuma nova data tenha sido definida.

Diplomatas europeus disseram que as negociações visavam avaliar a disposição do Irã em chegar a um novo acordo sobre o seu programa nuclear, embora estivessem cientes de que Israel parecia relutante em encerrar seus bombardeios, especialmente depois que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deu duas semanas para decidir se apoiaria a campanha militar de Israel contra o Irã.

Embora ministros europeus tenham sugerido que o Irã parecia mais disposto a discutir questões além de seu programa nuclear, a alta autoridade iraniana afirmou que Teerã não negociaria sobre suas capacidades de defesa, incluindo seu programa de mísseis, e que a suposição de uma completa ausência de enriquecimento de urânio pelo Irã levaria essas negociações a um beco sem saída.

"O Irã acolhe a diplomacia, mas não à sombra de uma guerra", disse a fonte.

Enquanto isso, vídeos que circulam na internet, aos quais o canal de notícias do Catar, Al Jazeera, afirma ter confirmado a veracidade, mostram grandes colunas de fumaça subindo sobre a cidade de Ahvaz, capital da província de Khuzestan e a principal região produtora de petróleo do Irã.

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À medida que a situação entre o Irã e Israel se deteriora, assim como na Faixa de Gaza, as forças houthis do Iêmen voltaram a alertar que atacarão navios americanos no Mar Vermelho, caso os Estados Unidos se envolvam em ataques israelenses contra a República Islâmica.

"Se os Estados Unidos participarem de um ataque e agressão contra o Irã ao lado do inimigo israelense, as forças armadas (Houthis) atacarão seus navios de guerra no Mar Vermelho", disse Yahya Saree, porta-voz militar do grupo rebelde, em um vídeo.

Em maio passado, os houthis e Washington concordaram com um cessar-fogo segundo o qual nenhum dos lados atacaria o outro.

Diplomacia busca saída

O primeiro-ministro e ministro das Relações Exteriores do Catar, xeque Mohammed bin Abdulrahman bin Jassim al-Thani, reuniu-se com o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, à margem de uma reunião da Organização para a Cooperação Islâmica (OCI), em Istambul.

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Ele condenou veementemente a "agressão israelense" em território iraniano, a qual chamou de "violação da soberania e da segurança" da República Islâmica, bem como uma violação do direito internacional. O Catar está envolvido em "esforços constantes" com seus parceiros para retomar o diálogo, segundo o comunicado.

No nono dia da guerra entre Israel e o Irã, o ministro das Relações Exteriores turco, Hakan Fidan acusou Israel de arrastar a região para um "desastre total".

"Israel está agora arrastando a região para a beira do desastre total ao atacar o Irã, nosso vizinho", disse na reunião de ministros das Relações Exteriores da Organização para a Cooperação Islâmica (OCI) em Istambul.

"Não há um problema palestino, libanês, sírio, iemenita ou iraniano, mas há claramente um problema israelense", destacou Fidan, pedindo o fim da "agressão sem limites" contra o Irã.

"Devemos evitar que a situação degenere em uma espiral de violência que colocaria ainda mais em risco a segurança regional e global", acrescentou, perante dezenas de seus colegas dos países-membros da OCI.

(Com RFI e AFP)

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