Aliado de Trump, historiador e autor 'nas sombras': quem é o novo presidente da Polônia

Karol Nawrocki, eleito presidente da Polônia no segundo turno de domingo (1), é um historiador nacionalista especializado no mundo do crime, que recebeu o apoio do partido conservador de oposição, Lei e Justiça (PiS), e do governo de Donald Trump.
Nawrocki conseguiu uma vitória apertada com o slogan "Polônia em primeiro lugar, os poloneses em primeiro lugar", que denunciou a recepção de quase um milhão de refugiados ucranianos no país, membro da Otan e da União Europeia (UE), um bloco que também foi criticado durante a campanha.
A Comissão Eleitoral informou que Nawrocki obteve 50,89% dos votos no segundo turno, contra 49,11% de seu rival, o prefeito pró-europeu de Varsóvia, Rafal Trzaskowski.
Na Polônia, o presidente tem o poder de vetar leis e é o comandante em chefe das Forças Armadas.
Nawrocki, 42 anos, prometeu que manterá o apoio à Ucrânia, que luta desde fevereiro de 2022 contra a invasão russa, mas é contra a adesão do país vizinho à Otan e critica a ajuda aos refugiados ucranianos.
Para o presidente eleito, os poloneses deveriam "ter a prioridade". Ele também afirma que a Ucrânia mostrou uma falta de "gratidão" pela ajuda recebida e acusou o chefe de Estado ucraniano, Volodimir Zelensky, de "insolência".
Um admirador de Trump
Nawrocki, um admirador confesso do presidente americano, se reuniu com Trump na Casa Branca pouco antes do primeiro turno e afirma que o republicano disse: "Você vai ganhar".
O encontro gerou críticas na Polônia e acusações de interferência americana nas eleições.
Durante a campanha, Nawrocki defendeu a adoção de controles na fronteira com a Alemanha para impedir a entrada de migrantes que, afirmou, são deportados do país vizinho.
Também exigiu que a Alemanha pague indenizações pela Segunda Guerra Mundial e, para garantir o apoio dos eleitores de extrema direita, assinou compromissos estipulados por seu líder, Slawomir Mentzen.
A reta final da campanha foi marcada por vários escândalos que envolveram Nawrocki.
O historiador, que é contrário ao imposto sobre a propriedade, declarou que possui apenas um apartamento, mas a imprensa revelou que ele comprou uma residência de um idoso, por meio de uma operação qualificada como opaca por seus críticos.
O portal Onet.pl informou que Nawrocki contratou prostitutas quando trabalhava como segurança em um hotel, há quase 20 anos. Ele negou as acusações, que chamou de "mentiras", e prometeu processar o site.
Um autor "nas sombras"
Nawrocki nasceu em Gdansk, onde jogou futebol e praticou boxe durante a juventude. Ele tem doutorado em História e um MBA.
Foi diretor do Museu da Segunda Guerra Mundial nesta cidade portuária do Mar Báltico entre 2017 e 2021 e, a partir desse ano, dirigiu o Instituto de Memória Nacional (IPN), que investiga os crimes dos nazistas e do período comunista.
Seus trabalhos de pesquisa se concentram na oposição anticomunista polonesa, no crime organizado durante o período comunista e na história do esporte.
A Rússia o incluiu no ano passado em sua lista de pessoas procuradas por iniciativas para derrubar os monumentos da era soviética.
Nawrocki é autor de vários livros, mas publicou um deles sob um pseudônimo, o que gerou críticas.
Também foi acusado de ter vínculos com mafiosos e com neonazistas, mas ele se defendeu e denunciou uma "manipulação" dos fatos, já que argumenta que seus contatos foram escassos e motivados por razões profissionais.
"Ninguém jamais me ouviu dizer algo positivo sobre o nazismo", afirmou.
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