Marido de Zambelli se afasta de cargo público para acompanhá-la em fuga

O coronel Aginaldo Oliveira, marido da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), se afastou do cargo de secretário municipal de segurança pública de Caucaia, no Ceará, para acompanhar a parlamentar, que anunciou ontem que deixou o país. Hoje, o ministro do STF Alexandre de Moraes determinou a prisão da deputada.

O que aconteceu

Marido de Zambelli ficará ausente das atividades da pasta no período de 21 de maio a 29 de junho, segundo Diário Oficial do município. Segundo a publicação, o afastamento ocorreu por "motivo de doença da pessoa da família". A licença foi publicada no dia 21 de maio e republicado hoje.

Coronel Oliveira se afastou do cargo público para acompanhar Zambelli, informou a assessoria de imprensa da deputada. Ainda segundo a assessoria, os dois estão juntos após ela ter anunciado a saída do país. O coronel foi substituído interinamente pelo secretário adjunto, Marcos Antonio Jesus Lima de Sena.

Há três semanas, a deputada foi condenada a dez anos de prisão e à perda de mandato por ter invadido o sistema do CNJ. A decisão foi por unanimidade na Primeira Turma. Segundo a denúncia analisada no Supremo, ela contratou um hacker para inserir um mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, assinado por ele mesmo.

Parlamentar afirmou que saiu do Brasil para fazer tratamento médico e que pedirá licença do mandato na Câmara. "Agora vou pedir para me afastar do cargo, tem essa possibilidade na Constituição e passo a não receber mais salário. O gabinete passa a ser ocupado pelo meu suplente", explicou ela ontem.

Zambelli fugiu do Brasil no fim de maio pela fronteira com a Argentina, segundo apurou o UOL. Ela contou que está atualmente em Miami, nos Estados Unidos, rumo à Itália, país onde tem cidadania.

No pedido de prisão, o ministro Alexandre de Moraes disse que é clara a intenção de Zambelli de fugir da pena e de continuar a propagar notícias falsas e ataques à democracia brasileira. Ele determinou a inclusão do nome dela na lista de difusão vermelha da Interpol, além do bloqueio dos passaportes, contas bancárias, perfis nas redes sociais e de quaisquer verbas a receber da Câmara dos Deputados.

Em nota, Zambelli chamou de "ilegal" e "autoritária" a ordem de Moraes para prendê-la. Deputada alega base constitucional para ilegalidade da ordem de Moraes. "Nossa Constituição é clara: um deputado federal só pode ser preso em flagrante e por crime inafiançável. Nada disso ocorreu", disse.

Cidadania europeia, saída do Brasil e prisão

"Vou me basear na Europa, tenho cidadania europeia", disse. Ela ainda negou que esteja abandonando o país. "Gostaria de deixar evidente que não é um abandono do país. Muito pelo contrário, é resistir, é continuar falando o que eu quero falar", declarou.

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Denúncia do PGR aponta que ela atuou em conjunto com o hacker Walter Delgatti Neto. Segundo a procuradoria, Zambelli planejou um ataque virtual que inseriu no sistema do CNJ decisões judiciais forjadas, como um mandado de prisão contra o próprio Moraes, com o trecho: "Expeça-se o mandado de prisão em desfavor de mim mesmo, Alexandre de Moraes. Publique-se, intime-se e faz o L", diz o documento falso.

Zambelli está com o seu passaporte, e não havia mandado de prisão aberto quando viajou. O passaporte chegou a ser apreendido por determinação do ministro Alexandre de Moraes, em 2023, mas foi devolvido.

Mesmo com o trânsito em julgado, a prisão ainda dependerá da Câmara dos Deputados. Segundo especialistas ouvidos pelo UOL, a prisão de parlamentares em exercício só pode ser executada com autorização da Casa, conforme prevê o artigo 53 da Constituição. Contudo, a deputada, agora fora do país, afirmou que pedirá licença da Câmara.

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