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Professor: Minoria majoritária fez Bolsonaro cantar vitória antes da hora

Um diálogo de WhatsApp do tenente-coronel Mauro Cid na noite do primeiro turno na eleição presidencial de 2022 mostra que a noção de 'minoria majoritária' fez com que Jair Bolsonaro cantasse vitória antes da hora, opinou Beto Vasques, professor da FESPSP, na edição do UOL News da manhã de hoje.

Tem a questão da euforia por onde o Bolsonaro passava, de isso ser traduzido em uma convicção de vitória. Porque os atos do Bolsonaro enchiam e as pessoas estavam efusivas. Esse tipo de coisa, obviamente, tem um viés.

Mas tem um ponto importante que a gente diz na comunicação política que é a noção de minoria majoritária. O bolsonarismo, a extrema-direita mundial, tem esse perfil. Eles não têm preocupação em fazer uma vocação de maioria.
Beto Vasques

O professor explicou exemplificando com o caso das vacinas contra a Covid, em que Jair Bolsonaro não estava preocupado se ganharia apoio popular com seus atos e mantinha suas convicções contra a medicação.

Por exemplo, todo mundo questionava por que o Bolsonaro foi antivacina. Quando ele fazia as piadas de mau gosto, desumanas. O pessoal falava: 'se o Bolsonaro tivesse comprado vacina, 90% da população apoiaria ele'. Ele não queria o apoio de 90%, claudicando de questões que para ele eram caras.

Então, se ele acreditava que não tinha que tomar vacina, tinha que tomar cloroquina, mesmo que eleitoralmente isso não fosse inteligente, era uma forma de não abrir mão das suas convicções do seu projeto político.

Sempre e desde quando ele tivesse uma das minorias, mas que se parecia majoritária, porque tinha talvez um percentual um pouco maior que os demais campos políticos que estavam fragmentados, e era uma minoria barulhenta e virulenta.
Beto Vasques

O professor Beto Vasques concluiu dizendo que Lula atrapalhou essa 'minoria majoritária' e que os aliados de Bolsonaro sabiam que tinham perdido, mas não queriam aceitar.

Então, de fato, quando o Lula sai e recupera os direitos políticos, atrapalha um pouco essa dinâmica de minoria barulhenta, virulenta e majoritária. Acho que tem uma questão muito clara aí.

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Por outro lado, a comprovação de que eles sabiam que ia ser difícil é que o pai do Mauro Cid faz, na conversa com o Cid, um atestado de confidência de que eles sabiam que tinham perdido. Quando dizem: 'paciência, bola para frente, que paulada' era o reconhecimento pelo Cid de que eles tinham perdido.

As mensagens já tinham mostrado que eles não tinham encontrado nenhum problema na urna eletrônica. E essa semana a gente descobre que eles reconheciam internamente que eles tinham perdido, essa mensagem é uma confissão de que perdeu, de que ele sabia que tinha perdido.

A outra mensagem da semana do Bolsonaro calando diante da insurgência e da violência política do 8 de janeiro. Então, ele quis ver o circo pegar fogo, são provas que mostram que essa turma que deu o golpe não tinha nenhuma convicção de que tinham sido roubados, eles sabiam que tinham perdido, mas não queriam aceitar. Eu acho que essa é a grande questão.
Beto Vasques

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