Militar da FAB que desistiu de trilha na Indonésia: 'Não senti segurança'
Do UOL, em São Paulo
24/06/2025 13h56
Vinicius dos Santos, militar da FAB (Força Aérea Brasileira), disse hoje que desistiu de fazer a mesma trilha, na Indonésia, onde Juliana Marins se acidentou e morreu após ficar quatro dias presa à beira de um vulcão. Segundo ele, a falta de equipamentos de segurança foi um dos motivos que o levaram a desistir da subida. As declarações foram feitas pelo militar durante entrevista ao UOL News, do Canal UOL.
Eu estive no final de 2023 na Indonésia, visitei algumas ilhas como Bali, Nusa Penida e Lombok, que é justamente onde está localizado o vulcão Rinjani, onde a brasileira se acidentou.
Mas eu notei uma falta de segurança muito grande em diversos passeios que fiz no país. Tanto é que essa parte do vulcão, eu cheguei a fechar o passeio com a agência. Fui ali na base do vulcão, fiz algumas fotos e vídeos, mas eu senti uma certa insegurança, por faltar equipamentos com os guias, por ser uma escalada muito difícil, que demanda cerca de dois dias de estadias... Então, toda essa junção de fatores, principalmente atrelados à falta de segurança, culminou para eu desistir do passeio nesse vulcão. Vinicius dos Santos, militar da FAB
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Juliana Marins, de 26 anos, ficou presa a 650 metros de profundidade após cair durante uma trilha no Monte Rinjani, na Indonésia, no último sábado, enquanto realizava a trilha com outro grupo de turistas. A morte da brasileira foi confirmada somente hoje pela família, após quatro dias de tentativas de resgate.
Sete socorristas se aproximaram do ponto onde o corpo de Juliana permanece, mas armaram um acampamento móvel porque estava anoitecendo e as condições climáticas não favoreciam. O caso mobilizou as redes sociais e integrantes do governo brasileiro, que lamentou a morte da brasileira.
Ao Canal UOL, o militar criticou a falta de estrutura de emergência em passeios na Indonésia, inclusive no parque onde ocorreu o acidente com Juliana.
O que se nota, inclusive em diversos passeios na Indonésia, é justamente a falta de uma infraestrutura de emergência. As estradas são muito precárias, muito movimentadas, muito cheias. Há um trânsito intenso já nas proximidades desses locais.
Além disso, quando você chega até para visitar um determinado ponto turístico, você normalmente caminha mais uma certa distância e sempre fica aquele pensamento: 'poxa, e se acontece uma situação de emergência? Para se chegar um socorro aqui, seria muito difícil'.
Então, normalmente, você fecha os passeios com agências locais. São guias locais que te buscam no hotel e te levam até o ponto que você optou por fazer uma visitação. E assim, isso de forma muito precária, sem níveis básicos de segurança, como, por exemplo, capacete, lanternas, equipamentos de primeiros socorros, falta tudo isso. Apesar de ser um país muito lindíssimo e muito visitado, com apelo muito grande de turistas. Vinicius dos Santos, militar da FAB
Militar: Caso de Juliana teve 'negligência'
Ao UOL News, o militar lamentou ainda o acidente ocorrido com Juliana e avaliou a suposta "negligência" do parque.
Provavelmente, [pode ser que] tenha sido, sim, infelizmente. As causas efetivas desse acidente, que causou a morte dela, dificilmente serão muito bem elucidadas, a menos que se faça uma perícia precisa no local.
Eu acredito que não há muito interesse do próprio governo, das autoridades locais em investigar esse tipo de acidente, porque já aconteceram outros acidentes neste local, inclusive com mortes —se eu não me engano, nos últimos cinco anos, nesse mesmo local, ocorreram oito mortes.
Eu acredito que a Juliana estava, sim, habituada [a fazer esse tipo de passeio]. O que falhou ali, o que ficou evidente, foi uma negligência muito grande dessa parte de segurança mesmo, do turismo, entendeu? É algo onde realmente você nota que não há muito investimento na Indonésia, principalmente nessas ilhas que são muito visitadas. Vinicius dos Santos, militar da FAB
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