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EUA atacam instalações nucleares do Irã: há risco de vazamento de radiação?

Usina de Enriquecimento de Combustível de Fordow, no centro do Irã Imagem: Maxar Technologies via AFP - 14/06/2025

Do UOL*, em São Paulo

23/06/2025 14h19Atualizada em 23/06/2025 14h19

Sob intensos ataques dos EUA e de Israel nos últimos dias, as instalações nucleares iranianas ainda não tiveram vazamento de material radioativo identificado. Apesar disso, a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) alerta que há risco de que isso ocorra.

Entenda o perigo

Não houve aumento nos níveis de radiação fora das usinas de Fordow, Natanz e Isfahan. Elas foram atacadas na noite de sábado pelos EUA, mas já vinham sendo alvos frequentes de Israel desde o dia 13 de junho. O objetivo dos dois países é destruir os principais centros de enriquecimento de urânio do Irã, por acreditar que podem ser usados para produzir armas nucleares.

A AIEA considera que há risco de vazamento radioativo com as ofensivas. "Ataques a instalações nucleares na República Islâmica do Irã causaram uma forte degradação da segurança nuclear. Embora até o momento não tenham causado vazamentos radioativos que afetem o público, existe o risco de que isso possa ocorrer", afirmou o órgão na sexta-feira.

Até o momento, não esperamos que haja qualquer consequência para a saúde das pessoas ou do ambiente fora das áreas atingidas.
Rafael Grossi, diretor-geral da AIEA

Instalações de Isfahan e Natanz sofreram ''danos extensos'', segundo a agência. Ainda não foi possível avaliar a dimensão dos impactos em Fordow devido a sua localização subterrânea, no interior de uma montanha no centro do Irã. "Está claro que Fordow também foi diretamente impactado, mas o grau de dano dentro das salas de enriquecimento de urânio não pode ser determinado com certeza", falou o diretor da Agência, Rafael Grossi.

No início da Guerra, o Irã havia informado à Agência que estava tomando ''medidas especiais'' para proteger seus materiais e equipamentos nucleares. Grossi avisou ao governo, no dia 13 de junho, que qualquer transferência de material de uma instalação protegida para outro local no território iraniano deveria ser declarada ao órgão.

Risco de contaminação é limitado, dizem especialistas

Complexo da Usina Nuclear de Fordow, no Irã, em 20 de junho (à esquerda), antes do ataque dos EUA, e em 22 de junho, após ataque. Análise das duas imagens em comparação com registros anteriores, de 2009, revelam que americanos atingiram dutos de ventilação Imagem: MAXAR TECHNOLOGIES/via REUTERS

Até o momento, especialistas têm afirmado que o risco de contaminação decorrente dos ataques contra a infraestrutura nuclear iraniana é baixo. Isso porque, não há reações nucleares acontecendo nas unidades de enriquecimento de urânio que foram atingidas, diferentemente do reator nuclear de Bushehr, única usina em operação do país.

Em Fordow, Natanz e Isfahan, acontecem apenas etapas iniciais do ciclo do combustível nuclear. Ou seja, o urânio passa por fases de preparação para ser usado em um reator nuclear, como explicou a pesquisadora Darya Dolzikova, do think-tank londrino Rusi, à Reuters. ''Antes de entrar em um reator nuclear, o urânio é pouco radioativo'', acrescenta James Acton, codiretor do Programa de Política Nuclear de Carnegie Endowment for International Peace.

ataque ao reator de Bushehr causaria ''catástrofe'', mas não foi atingido até agora. ''A usina está em funcionamento e tem milhares de quilos de material nuclear", falou Grossi. "Um ataque poderia liberar radioatividade a centenas de quilômetros'', esclareceu.

Chance de vazamento em instalações subterrâneas, como Fordow, são ainda menores. Isso se dá devido ao fato de que o material nuclear está "enterrado sob possivelmente milhares de toneladas de concreto, terra e rocha", disse Simon Bennett, chefe da unidade de segurança civil da Universidade de Leicester, no Reino Unido, à Reuters.

Oficialmente, Irã ainda não tem arma nuclear

Imagens de satélite mostram destruição no complexo nuclear de Natanz Imagem: Reprodução/X

Nos últimos meses, o país acelerou o ritmo de produção de suas reversas para enriquecer urânio a 60% de pureza. O nível é bastante próximo dos 90% necessários para produzir armas nucleares, destacou um relatório confidencial da Agência Internacional de Energia Atômica, consultado pela AFP em março.

O Irã afirma que seu programa nuclear é apenas para fins pacíficos, de uso de energia nuclear. Além disso, alega que estava no meio de uma negociação com os EUA para estabelecer acordos que garantissem o cumprimento do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares quando foi atacada por Israel.

Agência disse não ter provas de que o país estaria construindo uma bomba atômica. Grossi, no entanto, afirmou que não poderia garantir que não há alguma atividade nuclear clandestina. O Irã, por sua vez, acusou o órgão de agir ''politicamente motivada'' e dirigida por potências ocidentais.

*Com informações de agências internacionais

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