Nike, Pikachu: nomes 'kirakira' de crianças geram debate acalorado no Japão

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O governo japonês acaba de mudar oficialmente as regras sobre como os bebês podem ser registrados no país. A decisão atinge pais que queriam usar nomes considerados excêntricos — como Pikachu ou Nike.
O que aconteceu
Novas regras começaram a valer esta semana. As mudanças limitam como os nomes de bebês podem ser pronunciados e escritos com caracteres kanji, de acordo com a CNN.
Foco está nos chamados "nomes brilhantes". Conhecidos no Japão como kirakira names, eles misturam sons modernos e criativos com ideogramas de leitura incomum, segundo o jornal britânico The Guardian.
Medida busca facilitar o trabalho de escolas, hospitais e repartições. Esses órgãos enfrentam dificuldades para ler e pronunciar nomes com kanji (baseado em caracteres chineses) usados fora do padrão. Por terem sido integrados ao idioma japonês, os caracteres podem ter múltiplas pronúncias, dependendo do contexto.
Pais agora devem justificar nomes não convencionais. Se a pronúncia escolhida não bater com o uso comum dos ideogramas, os cartórios podem rejeitar o registro ou exigir uma explicação por escrito.
Objetivo também é digitalizar processos administrativos. O governo japonês diz que nomes mais simples e padronizados ajudam na modernização dos serviços públicos.
Nem todo mundo gostou. Nas redes sociais, o debate é acalorado sobre individualidade e a escolha dos pais. Há quem diga que "as crianças são de seus pais, não do Japão". E há quem defenda com um argumento mais curioso: "Por favor, deixem de restringir os nomes kirakira. Saber o nome das crianças revela a inteligência dos pais."
Nomes 'brilhantes' variam entre Pikachu e Nike

Pokémon virou nome de criança. O nome Pikachu, do personagem famoso em todo o mundo, já apareceu em registros de bebês no Japão, de acordo com a CNN.
Marcas também inspiraram pais criativos. Há casos de crianças registradas como Naiki (Nike), Kitty (da personagem Hello Kitty) e até Daiya (diamante), segundo o The Guardian.
Alguns nomes causaram polêmica imediata e frustram os pequenos em vida escolar. Casos como "Akuma" (diabo) - também nome de um personagem antagonista no game Street Fighter - ou "jisama" (príncipe) geraram críticas por supostamente expor as crianças a situações de bullying.

Tendência ganhou força a partir dos anos 1980. Desde então, nomes com leitura não convencional dos kanji se tornaram mais comuns, especialmente entre meninas, o que pode refletir um desejo dos pais por individualidade, conforme análise citada pela CNN.
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