Mercedes-Benz do Brasil afasta piloto de Truck preso em operação da PF
Do UOL, em São Paulo
26/06/2025 15h54
A Mercedes-Benz do Brasil determinou o afastamento imediato do piloto Roberval Andrade, um dos principais nomes da Copa Truck, preso ontem pela Polícia Federal em uma investigação contra corrupção na Polícia Civil de São Paulo.
O que aconteceu
Piloto deve permanecer afastado das atividades até o fim das investigações da PF. Em comunicado, a Mercedes-Benz do Brasil esclareceu que decisão vai de acordo com as regras de compliance da companhia.
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Andrade compete pela ASG MotorSport, equipe oficial da Mercedes-Benz na Copa Truck. O UOL procurou a equipe para um posicionamento após a determinação de afastamento imediato e aguarda um retorno. Em caso de manifestação, este texto será atualizado.
Ontem, a ASG MotorSport afirmou que acredita no princípio de inocência do piloto. A empresa afirmou que o processo segue em sigilo e que todos os fatos que chegaram ao conhecimento deles até o momento foram divulgados pela imprensa.
Conduta de Roberval sempre foi profissional, informou a equipe. A nota, assinada pelo conselho gestor administrativo da ASG, afirmou que ela está à disposição das autoridades "para colaborar com o que for necessário".
Roberval é piloto há 25 temporadas. Ele tem quatro títulos, três individuais, em 2002, 2010 e 2018, e um coletivo, com a Equipe Campeã, em 2022, pela Copa Truck.
Ele ocupa a nona colocação no campeonato e tem 59 pontos. De acordo com informações no site da competição, a próxima etapa está programada para os dias 11 a 13 de julho, no Autódromo Internacional Zilmar Beux, em Cascavel (PR).
Ele é suspeito de usar documento falso para restituir um helicóptero. Roberval, que venceu quatro campeonatos da categoria e tem quase 40 mil seguidores nas redes sociais, seria amigo do investigador Marcelo Bombom e teria usado esse contato para cometer fraudes. Ele também teria dado R$ 1 milhão em um termo de compra e venda de um helicóptero apreendido que valia R$ 10 milhões.
A defesa de Roberval informou que solicitou ao Tribunal de Justiça de São Paulo acesso aos autos. Em nota, o advogado Marco Antônio Gonçalves declarou que vai se posicionar posteriormente.
Além dele, dois policiais foram presos na operação de ontem. A investigação tem ligação com delações feitas pelo empresário Vinícius Gritzbach, morto em 2024, no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.
Como polícia chegou aos suspeitos
Polícia chegou até os suspeitos após analisar material apreendido na prisão de um investigador. Marcelo Marques "Bombom", que já tinha sido preso na Operação Tacitus, é suspeito de cometer extorsões a estabelecimentos comerciais como bingos, desmanches, postos de gasolina e prostíbulos. Ele foi preso novamente ontem.
Investigações indicam que os suspeitos atuavam para favorecer ilegalmente pessoas investigadas em inquéritos criminais. Segundo autoridades, eles recebiam propina em troca do arquivamento irregular de processos, da divulgação de informações sigilosas de interesse de terceiros e, de forma ilegal, agiam como intermediadores para restituir bens apreendidos por autoridades.
Foram apreendidos dinheiro, armas e um helicóptero na casa de um dos suspeitos. Além de Bombom, também foi preso Sérgio Ricardo Ribeiro, investigador da polícia.
A "Operação Augusta", que prendeu o piloto, foi conduzida pela Polícia Federal e pelo Ministério Público de São Paulo. Em fevereiro, sete pessoas, incluindo cinco policiais, foram presos na primeira operação relacionada ao caso, que mirava pessoas delatadas por Gritzbach.
Bens avaliados em R$ 12 milhões foram bloqueados. Além dos mandados de prisão, são cumpridos outros nove mandados de busca e apreensão na cidade de São Paulo e na Região Metropolitana.
Advogado de André do Rap está entre alvos de busca e apreensão. Anderson Domingues é suspeito de intermediar o termo de compra e venda ilegal do helicóptero. A PF chegou a solicitar a prisão dele, que foi negada pela Justiça. O UOL buscou o escritório de Anderson para dar direito de resposta sobre o assunto e o espaço será atualizado se houver posicionamento.
Detidos são suspeitos de cinco crimes. Eles teriam cometido corrupção ativa, corrupção passiva, violação de sigilo funcional, quebra de sigilo de informações protegidas por lei e advocacia administrativa (quando um funcionário público usa da sua função para defender interesses privados).
O UOL busca defesa dos presos. O advogado de Marcelo foi procurado pela reportagem e afirmou que vai pedir habilitação no caso. A advogada de Sérgio foi identificada, mas o UOL não conseguiu contato com ela até o momento. O espaço segue aberto para manifestação e será atualizado quando houver posicionamento.