Jamil Chade

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Desespero em Gaza transforma distribuição de alimentos em morte; veja vídeo

A distribuição de alimentos em Gaza se transforma em caos e mortes, diante do desespero dos palestinos e dos obstáculos criados por americanos e israelenses. Denúncias feitas pelas equipes médicas internacionais ainda apontam que cerca de 30 pessoas morreram nas proximidades de um dos raros pontos de distribuição de alimentos.

A informação foi confirmada por um hospital administrado pela Cruz Vermelha e que apontou para existência de dezenas de feridos em Rafah, depois de disparos feitos supostamente por tropas israelenses. O governo de Israel afirma "desconhecer" os incidentes neste domingo.

Desde março, o governo de Benjamin Netanyahu implementou um cerco contra Gaza, uma vez mais limitando o número de caminhões com alimentos dentro do território. Enquanto isso, pelo menos 2.000 carregamentos de comida e ajuda humanitária aguardam autorização para entrar em Gaza.

O argumento foi de que o Hamas estava confiscando os alimentos para entregar a militantes. Em maio, porém, um levantamento feito por agências da ONU indicou que meio milhão de pessoas na Faixa de Gaza enfrentavam a fome. Isso incluiria 71 mil crianças com menos de cinco anos de idade que estariam "gravemente desnutridas". Desses, 14 mil casos seriam graves.

Pressionados, os governos de Israel e EUA criaram a Gaza Humanitarian Foundation (GHF), uma entidade que teria a missão de atender a população de Gaza. Em condições precárias, alguns centros estão distribuindo pequenas caixas de alimentos que são suficientes para alimentar 5 pessoas por 3,5 dias.

Em meados de maio, diante do anúncio do projeto, a Alemanha e 23 outros países da UE assinaram uma declaração denunciando o GHF. "O gabinete de segurança de Israel teria aprovado um novo modelo de fornecimento de ajuda a Gaza, que a ONU e nossos parceiros humanitários não podem apoiar", diz a declaração em parte. "Eles deixaram claro que não participarão de nenhum acordo que não respeite totalmente os princípios humanitários", completou.

"Armadilha mortal"

Neste domingo, a ONU emitiu um comunicado no qual denuncia o que chama de "sistema humilhante" de assistência criada por Israel. Para Philippe Lazzarini, o Comissário Geral da UNRWA (Agência da ONU para Refugiados Palestinos), a "distribuição de ajuda se tornou uma armadilha mortal".

A entidade apontou para "vítimas em massa, incluindo dezenas de feridos e mortos entre civis famintos devido a tiros nesta manhã". De acordo com a ONU, um ponto de distribuição do plano israelense-americano foi colocado no extremo sul de Rafah.

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"Esse sistema humilhante forçou milhares de pessoas famintas e desesperadas a caminhar por dezenas de quilômetros até uma área que está praticamente pulverizada devido ao pesado bombardeio do exército israelense", afirmou a agência.

A entidade fez um apelo para que Israel suspenda o cerco e permitir que a ONU tenha acesso seguro e desimpedido para levar ajuda e distribuí-la com segurança. "Essa é a única maneira de evitar a fome em massa, inclusive de 1 milhão de crianças", alertou Lazzarini.

Outro apelo da ONU é para que Israel permita que jornalistas possam entrar em Gaza. "Com as narrativas concorrentes e as campanhas de desinformação em pleno andamento, a mídia internacional deve ter permissão para entrar em Gaza para relatar de forma independente as atrocidades em curso, incluindo o crime hediondo desta manhã", completou.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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